Importante pensarmos a relação das escolas livres com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Trata-se de um documento normativo que pretende regular os currículos dos sistemas e redes de ensino brasileiros. Com o objetivo de determinar uma base curricular comum para todo o país, o documento não pode comprometer a autonomia e a liberdade das escolas.
É relevante discutirmos que currículo queremos em nossas escolas, e é preciso termos um currículo comum em todas as escolas brasileiras. No entanto, a discussão sobre escolas livres é mais ampla do que a questão curricular. Se na BNCC a ideia é estabelecer quais conhecimentos, competências e habilidades nossos estudantes deverão desenvolver ao longo da Educação Básica, na aplicação de escolas livres se trata de debatermos que tipo de escolarização queremos para nossas crianças e adolescentes.
Muitas das competências gerais da BNCC são constitutivas desse “outro jeito” de se pensar e fazer escolas. Seja a preocupação em utilizar-se do conhecimento para atuar eticamente no mundo; a possibilidade de exercitar a curiosidade intelectual para desenvolver o pensamento científico; a disposição em valorizar as diversas manifestações culturais; a integração dos conhecimentos praticados ao projeto de vida de cada um; a necessidade de argumentar com referências ao direitos humanos; a urgente dedicação ao autoconhecimento e autocuidado; ou ainda o propósito de desenvolver a empatia, cooperação, responsabilidade e cidadania. Todas essas competências estão presentes nas escolas livres de forma orgânica e substancial.